sexta-feira, 4 de março de 2011

Lições de empreendedorismo

Assistindo hoje uma reportagem sobre os maracujás fálicos do Maranhão, recordei-me de um fato curioso do qual fui testemunha inúmeras vezes na minha infância.
Nas férias escolares de julho e dezembro excursionávamos todos da família para a minha cidade natal. Primos, primas e parentada toda de todos os lugares do mundo iam parar lá, no meio do Brasil, largado no cerrado: Paracatu!
Quem é que em sã consciência dava conta daquela pirralhada enlouquecida brincando dentro de casa? Íamos de ônibus, barco, dedão, cavalo, patinete, qualquer coisa, para a chácara do avô.  Uma construção pitoresca, com primaveras na porta e pôneis surtados pastando. Dentre os vizinhos, construções não menos pitorescas, e ao invés de pôneis, árvores de aluguel! Isso! Pés de manga que de tão carregados encostavam as pontas dos galhos do chão. Jabuticabeiras lotadas de infames bolotas pretas de mais de 3 cm de diâmetro. Todas para alugar! E eram muitos exemplares de cada espécie. Alugava-se a árvore para uma pessoa física, e essa pessoa podia usufruir ou emprestar sua arvóre para quem quisesse. Não se podia arrancar galhos e folhas. Somente os frutos. E todos os frutos caídos debaixo da projeção da copa, eram também do inquilino.
Cada primo tinha a sua própria árvore, a fim de se evitar possíveis latrocínios que poderiam resultar em certos homicídios. A escolha e distribuição das árvores, era a parte mais divertida de todas! Quem ficasse de recuperação na escola e não tivesse lá no dia e hora exatos, ficava com o pé mais mixuruca.
Enfim, barrigas imensas e endurecidas com caroços de jabuticada e braços lambuzados até os cotovelos de caldo de manga era o balanço no fim do dia!

Seu Procópio, analfabeto, banguela, porreta e empreendedor! Encheu meu dia de inspiração e saudades.

Um comentário:

  1. Hilário!!! Lembrei até do cheiro da pônei surtada, ela tinha cheiro de goiaba!!!

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